sábado, 1 de agosto de 2009

Gestos

"Estes gestos de vento,






estas palavras duras como a noite,



estes silêncios falsos,



estes olhares de raiva a apertarem as mãos,



estas sombras de ódio a morderem os lábios,



estes corpos marcados pelas unhas!. . .



Esta ternura inventando desejos na distância,



esta lembrança a projectar caminhos,


este cansaço a retratar as horas!...




Amamo-nos.



Sem lírios



sobre os braços,



sem riachos na voz,



sem miragens nos olhos.



Amamo-nos no arame farpado,



no fumo dos cigarros,



na luz dos candeeiros públicos.



O nosso amor anda pela rua



misturado ao buzinar dos carros,



ao relento e à chuva.



O nosso amor é que brilha na noite


quando as estrelas morrem no céu dos aviões."



António Rebordão Navarro

2 comentários:

Anónimo disse...

Nem sempre os gestos e as atitudes são as melhores.
Existem gestos e atitudes que tive, que nem sempre foram os melhores, mas... Existe sempre um mas... Esse mas eterno que não me deixa de vez em quando.
Por vezes para AAmar, não são necessários gestos.

calma disse...

“E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.

Apenas nos iludimos,julgando ser donos das coisas, dos instantes e
dos outros.

Comigo caminham todos os mortos que amei,todos os amigos que se afastaram,tTodos os dias felizes que se apagaram.

Não perdi nada,apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.”

Miguel Sousa Tavares