terça-feira, 3 de março de 2009

Saudade de ser Criança

Nem sempre as conseguimos matar, as saudades, no entanto temos situações que as combatemos.
O termo saudade dá pano para muitas mangas ( quer de blusas, vestidos, blaisers e afins) e a meu ver representa o envolvimento ( profundo ou não) de dois seres( sim, porque não temos saudades só de pessoas), ou a passagem de alguém por um lugar.
Depois, o que mais me enerva é que tenho saudades de tudo. Tenho saudades de andar de triciclo e imaginar que era taxista; tenho saudades de beber leite por uma palhinha e sujar a camisola toda; tenho saudades dos maravilhosos ovos mexidos da minha avó Mariana; saudades de andar pela horta com o meu Pai, saudades dos mimos da mãe ao deitar; saudades das historias antigas do meu avó António; tenho saudades dos gritos dos meus primos ( Hélder, Sãozinha, Nelson, Nuno e Cristina) a andarmos todos numa enorme bicicleta de 4 lugares; tenho saudades de ouvir a minha avó Manuela ralhar por irmos tocar ás campainhas dos nossos tios; saudades da letria da minha madrinha: saudades de acordar o meu primo Ricardo e de ele ficar a chorar desalmadamente ( feito doido de rabujem); saudades de andar na Honda do meu padrinho; saudades da escola e das cabulas; tenho saudades de estar no meu quarto a ouvir os Salada de Fruta e a vibrar de emoção; saudades de pequenos grandes segredos...saudades de viver livremente sem tempos, nem espaços. Resumindo, saudades de ser criança.

Tento parar, mas o voo da imaginação levou-me hoje a anos atrás, a tempos inegualavéis.
Tenho saudades de imaginar em agarrar o Mundo com as mãos de criança e pará-lo, para que a inocencia sobrevivesse para sempre e pudesse voar com ele por entre todos os Homens.

Espero poder dar aos meus filhos, tudo aquilo que obtive em criança e pedir ao Deus Maior que me ajude a ter sempre um pouco do espírito dos menos graúdos, na minha Alma.

8 comentários:

Anónimo disse...

"Saudade de ser criança"

Lembro-me bem:
Gostava de andar à chuva, e ela caía em mim como uma luva, deixando-me a pingar que nem um pinto. Muito se zangava a minha mãe.
Lembro-me bem:
e quem me dera agora poder estar, no mesmo tempo, naquele lugar, atravessando a ribeira. Era tão bom vivermos lá no meio do mato, fazendo asneiras que zangavam a minha mãe.
Lembro-me bem:
de ir às amoras nas tardes de calor, voltar para casa suja de suor e com a boca roxa mas feliz e livre como um passarinho.
Que bom lembrar, tudo bom que se passou e que deixou saudades de voltar ao ninho!
Lembro-me bem...

Anónimo disse...

Saudades.. fazem parte de nós e definem-nos enquanto pessoas.

Tenho saudades do quintal dos meus avós, de dar comida às ovelhas, do cheiro do mato que o meu avô apanhava pra lhes fazer a cama, como ele dizia, de ir buscar os ovos ao galinheiro e de me assustar com os voos espavoridos das galinhas...
tenho saudades do baloiço feito especialmente pra mim num tronco grosso da enorme oliveira que dava sombra para o pátio... das avencas viçosas e dos brincos de princesa...
tenho saudades do lenço de chita vermelha às bolinhas brancas que a minha avó me punha na cabeça por causa do sol e me chamava de Maria Papoila... do avental de folhos atado por baixo dos braços e que mesmo assim me chegava aos pés... e pra ficar mais "bonita", descalçava as minhas botas ortopédicas (com o cumplice acordo da minha avó)e calçava os grandes chinelos do meu avô, feitos à mão com restos de tecidos e lã de ovelha e que pra mim eram os chinelos mais confortaveis do mundo!
Tenho saudades de brincar no tapete de trapos com o meu adorado "Chorão" de corpo molinho e tão bom de pegar ao colo...
Lembro com tanta saudade o riso estampado no rosto do meu avô quando chegava da fabrica e me via lá em casa! "Olha a minha lindinha! " e pegava-me ao colo para um grande xi-coração e como era da praxe, eu tirava-lhe o boné e punha-o, mesmo por cima do tal lenço de chita e não tinha importância nenhuma :)
Lembro-me de como eram boas as sestas na casa da minha avó.... ah! como era bom aquele colchão cheio de camisas de milho! desatar os nós e meter o bracito para mexer as palhas e fazer a cama ainda mais fofa, depois saltar para o meio e afundar! Que ninho bom!
Foram estes pequenos nadas que fizeram toda a diferença...

Anónimo disse...

Também eu tenho saudades de tudo Ana!

No sotão das minhas lembranças, guardo momentos, pessoas, vozes, sons, cheiros, lugares, coisas, que me acompanharam até ao encontro com o perder da inocência... e depois dela me continuaram a habitar.
Ainda hoje me defino como a miúda das "gavetas-cheias", pela dificuldade em me libertar do impossível, isto é, do que me prende; em momentos onde o presente se confunde com o passado...num rebuscar da autenticidade num sorriso de fazer saudade!

Porque cresci numa aldeia, entendo tão bem a Natália!
A minha infãncia não se confundiu com um crescer depressa, sem idade para brincar...elevou-se...à grandeza que me habitava enquanto pequenita,e aos ensinamentos que me tatuavam, e para sempre definiam parte do meu Ser!
Também eu corro pelos quintais dos meus avós, em recordações que se estendem até agora, porque continuei a ser a sua menina!
Também eu caminho por carreiros batidos por passos que conheçia, contornando terras transformadas por braços fortes que me abraçavam, configurados nos sorrisos mais lindos feitos de bocas sem dentes...
Há um ano, cortava eu os cabelos á minha avó, porque como ela dizia os braços já não chegavam para os pentear, e percebi que as nossas capacidades apenas se transformam...e esses braços tornaram-se Grandes, Grandes e chegaram aos meus...e era como se brincássemos às cabeleireiras...
Também eu canto, as cantigas que o meu pai cantador me ensinou, e soletro palavras com que a minha mãe me embalou para a escola da vida!

Estas recordações encerram a satisfação de estar ali...são lugares de Alma Cheia...que substituem tantas vezes esta inquietude...que me toma por vezes, a não estar bem, em lugar nenhum!

Anónimo disse...

Tenho saudades tuas, realmente.
De te ver criança em casa da tua madrinha a brincar no muro do quintal, com as tuas dezenas de bonecas e de eu andar de bicicleta até ao rio.
Não nos conheciamos, mas o destino fez-nos encontrar anos mais tarde.
Tenho também saudades do meu ser em pequeno. De ser mimado sem responsabilidades e sem limites.
Mas, temos de mantar a criança que existe dentro de nós.
Beijos risonhos.

Anónimo disse...

Estou deveras encantada consigo, Ana.
Este seu espaço comove-me.
Tem temas girissímos e que me dão um enorme prazer.
Puderei deixar uma sugestão? Seja feliz e faça-me Feliz também!
Beijos queridos para si!

Anónimo disse...

Laila, figura delicada e revestida de mistério, com escrita bonita, a mostrar-se aos amigos do seu amigo.
A felicidade constroi-se, dia a dia.
Momentos felizes temo-los todos nós.
A Ana - Borboleta porque sim, porque ela gosta - é uma menina feliz porque sabe o que quer e sabe escolher o caminho a seguir.
Fará certamente a sua felicidade, Laila, com o que escreve, com o que tão bem nos sabe transmitir, por esta partilha invulgar, própria de quem é pura de coração.
A Ana, faz feliz todos os seus amigos e aqui, faz feliz quem por aqui passa.

Anónimo disse...

Pé de Cereja, sei bem que a felicidade se constrói e somos nós que temos de a irradiar!
Não sei se sou frágil, mas radiosa sou, pois acho que temos que iluminar a vista de quem amamos.
Consigo ter momento felizes, especialmente quando tenho o amigo desta Borboleta por perto.
Mas, não fique chateada. O coração dele é grande demais e cabemos lá todos!
Quanto a Ana (Borboleta) é realmente uma Alma própria de quem é pura de coração, nisso concordo consigo.
Bem hajam ás duas.

Anónimo disse...

Ninguem melhor do que eu sabe que cabem todas as que ele quiser!

Espero que seja boa em aritmética pois vai ter de aprender a somar, dividir, multiplicar e subtrair.

Mas é boa de certeza! Radiosa já sei que sim, já que o afirmou.
Com uma segurança assim, já conquistou lugar cativo, já provou que chegou pra vencer.

Não se aborreça com as minhas palavras.

Nada do que possa fazer me pode atingir mais do que já fui.

Fique. O Mundo é de toda a gente.

E quanto a escolhas, cada um fá-las por si.

Bm haja tambem.